INTRODUZINDO COMIDA PARA O BEBÊ

Passados 6 meses de aleitamento exclusivo, preferencialmente materno, chega o momento de introduzir novas comidas para o bebê. Quais as bebê comendocomidas indicadas e a partir de que idade? Para responder a essa pergunta, vamos ver o que acontece em outros países. A seguir alguns exemplos que ilustram algumas das comidas utilizadas como as primeiras a serem dadas para o bebê:

Japão- arroz, tofu, abóbora e peixe

EUA- cereais em formulação para crianças (arroz e aveia)

África- mingau de farinha de milho (maizena) e carnes

Suécia- papa de frutas

India- o primeiro alimento além do leite é celebrado em uma festa, um rito de passagem – Annaprashana. A família se reúne para oferecer uma mistura de arroz cozido com leite e açucar.

Como podem ver, as diferenças são grandes, o que só confirma o que os pesquisadores estão dizendo: a introdução de comidas é um fenômeno cultural e não uma decisão baseada em evidências científicas. Portanto, um bebê com 6 meses ou mais de vida pode comer de tudo! As regras rígidas, as datas precisas e exatas para introduzir este ou aquele alimento, a ordem com que devem ser introduzidos, tudo isso é mito e os pais podem se sentir muito mais ousados e criativos na hora de prepararem as papinhas para seus filhotes.

Alguns estudos mostram que, ao contrário do que se supunha, alguns alimentos com potencial de produzir alergia, se introduzidos entre 6 meses e um ano de idade, diminuem a incidência de reações alérgicas. Outros estudos demonstram que uma oferta variada de sabores tende a aumentar o “gosto” da criança por comidas “diferentes”. Alguns estudos correlacionam o que a mãe comeu na gravidez com essa aceitação da criança por comidas diversificadas.

Mas, assim como na música do Tim Maia que diz: vale tudo, só não vale dançar homem com homem e mulher com mulher, na alimentação dos bebês, a partir do 6 meses, vale tudo, só não vale:

  • leite de vaca antes de um ano de idade.  O leite materno ou as fórmulas infantis devem ser preferidas.
  • mel antes de um ano de idade por causa do risco de botulismo.
  • comidas apresentadas de forma que a criança corra o risco de engasgar. Quanto menos dentes, mais pastosa e sem pedaços duros deve ser a comida. Quando a criança começa a mastigar, evitar cortar os alimentos em formato redondo ou ovalado porque favorecem o engasgo (cortar quadrado ou assimétrico).
  • açúcar refinado
  • frituras
  • sal em excesso. A recomendação é cozinhar com pouco sal
  • embutidos,como salsicha, salame, mortadela
  • enlatados,como atum e sardinhas
  • frutas ácidas como, morango, abacaxi e limão

Caso alguém na família tenha uma alergia alimentar importante, este alimento deve ser introduzido com a orientação do seu pediatra.

Agora é se divertir criando novas receitas para os bebês. Se quiserem, compartilhem suas receitas aqui no blog. Vai ser divertido e instrutivo ver o que os pais oferecem, como primeira comida,  a seus filhos. Como podem ver, ainda existem algumas regras ou orientações. Mas, o espaço para que se tornem chefes  de cozinha é enorme. Que marravilha!

22 comentários em “INTRODUZINDO COMIDA PARA O BEBÊ”

  1. Karla Rodrigues de Almeida

    Então quer dizer que abacate pode rsrsrsrs que marravilha mesmo!!!! Como sempre o senhor é incrível, mas ainda fiquei com uma dúvida: o tal leite de arroz (ou de aveia) que vem em caixinha é seguro mesmo???? Ah, outra dúvida, o mel está liberado depois de um ano, assim como num passe de mágica???? E enfim, açúcar, sem ser refinado, pode mesmo???? Beijo e obrigada. Karla.

    1. Dr. Roberto Cooper

      Karla,
      O leite de arroz ou de aveia é seguro sim. Mas, porque dar esse leite ao invés de uma fórmula infantil balanceada? Ou até outros produtos lácteos como queijos brancos e iogurtes? O mel está liberado depois de um ano, mas não é mágica. O botulismo é uma doença que ocorre quando uma criança engole esporos de uma bactéria chamada Clostridium botulinum que se encontro no sol e também no mel. No intestino da criança essa bactéria produz uma toxina (a mesma usada em cosmética, conhecida como Botox!). Ocorre que, com um ano de idade, as criança já tem uma flora bacteriana intestinal bem diversificada e esta (flora bacteriana) é capaz de protegê-la do Clostridium. Certamente isso não acontece no dia do aniversário de um ano, mas vai acontecendo e, com um ano, já está com a flora bem diversificada. Quanto ao açúcar, acho que me expressei mal. Melhor não dar açúcar adicional de nenhum tipo. Basta o açúcar das frutas etc.

      1. Karla Rodrigues de Almeida

        Então Dr, deixe-me explicar. O meu bebe Inácio teve duas otites externas seguidas e a médica dele acha que a otite de repetição poderia ser por causa do refluxo ou por APLV. Fizemos o exame e realmente detectou o refluxo oculto, que esta sendo tratado. Mas ainda assim ela achou melhor mudar a fórmula com lactose e prescreveu aquela com a proteína hidrolisada. Ocorre que é muito ruim, muito muito mesmo e ele só consegue tomar se for batida com alguma fruta, na verdade, só com mamão ou banana mas como ele tem o intestino preso, evito a banana. Eis que descubro o tal do leite de arroz (ou de aveia) que me salva de usar o liquidificador de madrugada (tá bem, sei que é horrível ele ainda tomar leite de madrugada, mas ainda não consegui tirar…). Então, dou o leite batido com a fruta pela manhã e antes dele dormir e de madrugada dou o de caixinha. Tô fazendo tudo errado???? Obrigada pela explicações sobre o mel. Beijo grande. Karla.

        1. Dr. Roberto Cooper

          Karla,
          Não acho que esteja fazendo tudo errado. A pediatra do Inácio traçou uma estratégia para ele e você está conseguindo se adaptar o máximo possível a ela. Se o Inácio vai bem, aceita o leite de arroz ou aveia, ganha peso e se desenvolve de forma adequada, nada está errado, tudo está certo!

  2. Ola Dr. Cooper,

    Fomos felizes na introdução de comida à Manuela. Ela aceitou super bem todos os tipos de alimentos e hoje ela é muito boa de garfo. Nos quem restringimos alguns alimentos dado a constipação que ela ainda apresenta.
    Percebemos a algum tempo que o interesse dela pela nossa comida é grande e hoje, sempre que possível, deixamos a comidinha dela de lado para que ela possa comer conosco e a nossa comida. Desta forma evitamos que ela coma uma refeição 2x ( o que sempre acontecia !) . Diminuimos a quantidade de sal e quando necessário ( quando colocamos muito tempero ), separamos uma porção para ela.
    Este final de semana aconteceu algo bem engraçado. Saímos para almoçar e no cardápio infantil tinha uma porção de fritos e macarroni and cheese ( não dá !) . O que havia de mais “tranquilo” , para nós, era um cachorro quente. Como o restaurante era Thailandes pressupomos que as comidas eram condimentadas demais então escolhemos o cachorro quente, que como uma boa e feliz criança ela ficou super satisfeita pois AMA cachorro quente ( viva as festinhas !!! ).
    Qual foi nossa surpresa que ao acabar de comer o cachorro quente ela se vira para mim e comenta: “mamãe, já comi o sanduiche, posso comer a comida agora ?”
    ADOREI
    O legal disso tudo é que ela se habituou a comer comida.
    Comeu arroz com “gosto esquisito” !
    🙂

    Bjs

    Bia

    1. Dr. Roberto Cooper

      Bia,
      Imaginar que as crianças indús comem curry! Parabéns por apresentar novos sabores à Manuela. Como é divertida essa época onde dizem coisas incríveis. Aproveite! Sugiro que anote porque essas coisas se apagam da memória.

  3. Ola, Dr. Cooper!

    Meu filho fara 6 meses daqui duas semanas, e estou me preparando pra introduzir solidos (ate agora ele so se alimenta exclusivamente de leite materno). Ja copiei todas as receitas do seu blog (que parecem deliciosas!) e nao vejo a hora de comecar a cozinhar pro meu bebe. No entanto, eu pretendo amamentar ele por ate pelo menos um ano de idade. Entao, como exatamente introduzir alimentos na pratica: quantas vezes por dia? Quais refeicoes? Qual a quantidade? Devo amamenta-lo na mesma refeicao ou somente solidos?

    Muito obrigada! O seu blog eh o maximo! 🙂

    Abraco!

    Angelina

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Angelina,
      Obrigado por participar do blog. Quanto à introdução de alimentos, sugiro que converse com seu pediatra. Ele é a melhor pessoa para lhe orientar. Mas, em geral, essa introdução começa, no Brasil, com uma fruta dada na colher, no meio da manhã ou da tarde. Depois, o bebê é apresentado a uma comida de sal, na hora do almoço. Finalmente, é introduzido o jantar. A quantidade de cada uma dessas refeições também aumenta gradualmente e é função da aceitação do bebê. Dependendo da quantidade de comida que aceite, vai precisar de um complemento de leite ou não. Resumindo: não há uma regra muito clara. Apenas essas grandes linhas. Você e seu bebê vão definindo, no dia a dia, na experimentação, no aprendizado mútuo, como fazer. No final, dá certo!

      1. Muito obrigada!! Eu Moro nos EUA, e aqui eles indicam comecar com cereal de arroz na mamadeira pro bebe dormir a noite. Eu, particularmente, nao gosto dessa ideia, e prefiro comecar com frutas e vegetais. A consulta de 6 meses sera semana q vem, entao vou perguntar ao pediatra como fazer. Mais uma vez, obrigada!

        1. Dr. Roberto Cooper

          Angelina,
          Cada país segue sua cultura, na hora de introduzir alimentos. No Japão, usam tofu e peixe. Na África, milho e carne. Isso só comprova que não há uma “ciência” que justifique este ou aquele alimento. Siga sua cultura e tradição familiar. Vai dar certo!

  4. Doutor, e as papinhas prontas? Oferecem algum risco?
    Outra coisa, vi em outra matéria sua sobre papinhas, com a história do pai que é chef de cozinha, a quantidade de comida no prato da bebê e achei muito. É normal aquela quantidade?
    Minha bebê fez 6 meses dia 09/09, e não come nem 1/3 daquilo, sempre rejeita e volta pro peito. E a pediatra dela não falou sobre quantidades. Tenho medo de não estar nutrindo minha filha direito. Como saber?

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Tatiana,
      Como o blog não substitui uma consulta, sugiro que converse com a sua pediatra sobre quantidades. Em princípio, se uma criança ganha peso dentro da sua curva, é porque está recebendo uma alimentação adequada. Quanto às papinhas industrializadas, não vejo risco no seu uso ocasional, em uma situação ou outra. Não recomendaria seu uso rotineiro, diário.

      1. Obrigada, doutor. Eu realmente estou deixando essa dúvida sobre a quantidade pra uma próxima consulta. Só estava com medo de não estar alimentando minha filha direito, pois ela rejeita muitos alimentos. E prefere frutas a legumes. Já fiz de tudo: papinha caseira, papinha pronta… a gente acha que vai ser tudo mágico, depois dos seis meses, plim! Eles começam a comer de tudo e saudável. Mas aí a gente vê que, na prática, a coisa é beeem diferente. Muito obrigada pela resposta, sempre acompanho suas matérias. Abraço!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Solange,
      Não há uma regra fixa. Um bebê de 10 meses já se alimenta e pode ingerir outros líquidos, além de água (chás, água de côco). Também vai depender da temperatura do dia. A oferta de líquidos deve ser feita durante o dia, várias vezes e a criança vai aceitar o que ela quiser.

  5. Doutor, com quantos meses o bebê já pode ingerir iogurte? Minha filha está com 11 meses. No início, ela aceitava bem as papinhas, comia frutinhas amassadas. Mas de um tempo pra cá ela vem ficando chata pra comer. Não aceita comer alimentos picados. Fica puxando vômito (já me disseram até que era “gag”. Não sei identifcar isso, pra mim tudo é engasgo ou ânsia de vômito). Agora come pouco, só quer peito. Mas ela até aceita a comida do nosso prato. Só que ela também engasga. Falei com a pediatra, e ela disse que eu tinha que continuar insistindo na introdução de alimentos em pedaços. Mas morro de medo de ela engasgar feio, e continuo processando. A outra pediatra disse que não fazia mal, que era melhor do que não comer nada. Perguntei a uma sobre o iogurte, ela disse que sim. A outra vetou terminantemente. Uma diz que eu já posso escovar com pasta sem flúor os seis dentinhos (nenhum de triturar ainda). A outra veta. É muita divergência pra uma mãe de primeira viagem (ansiosa e com síndrome do pânico, pra piorar).

    Qual a sua posição quanto ao iogurte? Eu vi uma linha chamada Yorgus, que é sem açúcar e sem conservantes, mas que tem um gosto chato. Então pensei em bater com frutas ou algum cereal, pra variar no lanche dela, pois nem sempre ela tem aceitado frutas também. Não sei se é refluxo, se é algum problema (pois ela fica meio incomodada depois que come, como se quisese vomitar). Mas as médicas que eu consulto nunca têm uma resposta pra isso. Só ouvi de uma delas que era pra cortar abóbora e cenoura (e dar uma diminuída no mamão), porque ela estava com o pezinho alaranjado, e disse que isso era por causa do excesso.

    Queria diversificar a alimentação dela, mas tá difícil, viu? De uma hora pra outra, ela passou a recusar o que comia antes, e só aceita bem aquela papinha da Nestlé de espinafre, couve e frango. Nem as minhas papinhas, que ela amava, têm tido sucesso. Queria que ela comesse direito, como antes. Tanto em qualidade como em quantidade, porque acho que ela vem comendo pouquíssimo na soma das refeições do dia.

    Fico até me sentindo uma mãe problemáica, pois tenho uma amiga que teve uma filha dias depois da minha, e a bebê já come até milho na espiga, puxando com os dentinhos e não engasga. Não gosto de comparar, mas quando vemos essas “evoluções”, achamos sempre que estamos fazendo algo muito errado.

    Obrigada, mais uma vez!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Tatiana,
      O ideal seria que pudesse conversar sobre o que me escreveu com a sua pediatra. O blog é uma ferramenta muito boa para transmitir informações, mas não é uma bom meio para o diálogo e a conversa. Assim, corremos o risco de transformar toda conversa em informação! Conversar é construir conhecimento e isso o blog não faz. Percebo sua legítima preocupação, mas, o caminho é fora da internet, conversando com um profissional de saúde que saiba ouvir, acolher e orientar, sem ser de uma forma impositiva, com regrinhas.
      Objetivamente, acho que a proteína do leite de vaca, incluindo o iogurte, podem ser oferecidas às crianças, a partir de um ano. Também lhe recomendo que não compare sua filha com outras crianças.

      1. Obrigada, doutor. Desculpe, nem foi minha intenção usar o blog de forma errada. Foi mais um desabafo, porque atualmente me parece difícil demais encontrar um pediatra que se envolva com o paciente como era antigamente, ou como poucos fazem hoje em dia, que conhecem o bebê pelo nome, que conversem com a mãe de forma positiva. E que façam com que nos sintamos seguras com relação às consultas. Eu sou mãe de primeira viagem, fico com medo de estar atrapalhando o desenvolvimento da minha filha por ser tão superprotetora e apavorada até com um pedaço de banana. Por outro lado, há duas pediatras que, além de divergirem (até mesmo sem intenção), não parecem muito “ligadas” à criança (toda consulta sempre parece a primeira, é como nunca tivéssemos visto uma a outra). Examinam friamente e passam automaticamente pra próxima criança. Tem uma que até me faz me sentir mal, por ser até mesmo um pouco estúpida no trato (comigo, não com minha filha). Eu pergunto tudo, e ela responde secamente ou vem com uma minilição de moral, como se eu errasse de propósito. É complicado, estou correndo pra buscar outro médico, mas fico com sensação de que terei a mesma resposta, aonde quer que eu vá.
        Mais uma vez, obrigada pela atenção. Tô por aqui torcendo pra achar um pediatra parecido com você. Esperando esse milagre… rs.
        Um abraço!

        1. Dr. Roberto Cooper

          Tatiana,
          Lamento que a prática médica tenha se afastado do que deveria ser. Em parte porque a nossa formação ainda é voltada para o biológico e não somos formados (ainda) para compreendermos os determinanes bio-psico-sociais da saúde e da doença. Em parte porque o volume de pacientes que precisamos atender é conflitante com uma boa prática médica. Percebo quantas pessoas fazem comentários no blog que traduzem uma falta de vínculo com seus médicos. Isso é triste, mas o blog não consegue substituir esse vínculo, o que pode ser frustrante. Sucesso na busca de um pediatra com quem estabeleça uma relação produtiva.

  6. Boa tarde Doutor, preciso de ajuda com a alimentação do meu bebê de 1 ano e 3 meses.
    Desde os seis meses ele come sopa de legumes e verduras ,com essa idade eu dava a sopa peneirada, aos 8 meses passei a dar amassada com garfo. Quando ele fez 1 ano já estava com 8 dentes ,4 em cima e 4 embaixo. Comecei dar a ele arroz ,carne,frango, só que ele aceita só a terceira colherada depois cospe. Parece que não gosta de mastigar,continua querendo apenas sopa que as vezes ainda amasso com garfo.
    Já biscoitinhos de coco ele mastiga super bem. Qual o seu parecer?

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Leandra,
      Como o blog não substitui uma consulta, seria irresponsabilidade minha opinar sobre o seu filho. Sugiro que converse com o pediatra para que ele lhe oriente. Espero que compreenda esta limitação da internet.

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