A IMPORTÂNCIA DAS AVÓS

OLYMPUS DIGITAL CAMERAEm dezembro de 2012 escrevi um post sobre avós. Ontem, me despedi de uma, mãe, avó e bisavó de amigos, maravilhosa. Clara é o seu nome e ela me inspirou a falar um pouco mais sobre a importância das avós.

Avós podem ter muitos nomes, como Clara, Yvette, Lya, Sonia, Maria José, Gloria, Dulce, Shirley, Laura, Liana e tantos outros, além dos incontáveis e criativos apelidos. Mas todas as avós têm algo em comum: a menção do seu nome evoca uma emoção de carinho. Todas as avós produzem nos seus netos essa agradável sensação de serem amados. É claro que essas crianças são amadas pelos seus pais, mas, estes, com a dura tarefa de educar, colocam limites, impõem regras, exigem comportamentos. Não que avós também não participem desse processo de educar, mas, como se sentem menos obrigadas com o resultado final, se tornam mais tolerantes e flexíveis. O que, para as crianças é percebido como uma forma de amor muito gostosa. Existem coisas que as crianças só podem fazer na casa da vovó ou que só esta permite, como mexer no seu armário e brincar com suas roupas, comer algo fora do padrão nutricional, ficar acordado até mais tarde vendo TV ou mexendo no computador etc. Essa é uma função maravilhosa de fazer com que as crianças se sintam acolhidas e queridas.

Além desse acolhimento, as avós, por serem excelentes contadoras de histórias, fazem as crianças se sentirem pertencendo a uma história que não começa nelas, nem vai terminar com elas. Se sentir pertencendo, incluído, é algo fundamental para o ser humano. O oposto é o isolamento, a solidão, o desamparo, sensações que nenhum ser humano gosta de sentir. A avó narra para seus netos, a história dos que vieram antes dela, seus pais e, talvez, avós. Quem eram, o que faziam, de onde vieram, como se conheceram. Conta também a sua própria história. Onde e como era a casa em que morou quando criança, como era a escola, a cidade, a vida, naquele tempo. Tem sempre o capítulo de como conheceu o avô, com detalhes curiosos da personalidade de cada um, a chegada dos filhos, entre os quais o pai ou mãe do neto. Crianças ficam fascinadas com essas histórias e adoram ouvir como seus pais eram quando crianças. Principalmente a parte de comportamento inadequado, pirraças, birras com comidas. Ah! Você não imagina o trabalho que sua mãe dava para comer! Isso é um deleite para os ouvidos das crianças. Não raro a avó faz comparações entre o ontem e o hoje, manifestando preocupações com o amanhã. Pouco importa se as avós têm ou não razão nas suas avaliações. O que importa é que a criança recebe, através dessa narrativa, um sentido de continuidade, da vida. Algo me precedeu que, em parte, me faz ser como sou e algo virá depois de mim. Faço parte desse tecido chamado vida, onde contribuirei com o meu bordado, assim como os meus antepassados fizeram e minha avó me contou. Um dia, eu também contarei histórias para meus netos e eles vão bordar nesse tecido, formando novos desenhos, acrescentando cores e padrões.

A avó é, portanto, essa pessoa que liga, conecta, une e dá um certo sentido ao que pode parecer sem sentido algum, nossa existência. Fazem isso, sem escrever em blogs, sem filosofias, sem usar palavras difíceis. Fazem isso, quando reúnem a família em torno de uma mesa, quando celebram um Natal ou um Pessach, quando recebem os netos para dormir na sua casa ou os leva para passear. Esse sentido de conexão, de ligação do passado com o presente, dando uma perspectiva de futuro, não depende de classe social ou grau de instrução. É algo que todas as avós fazem, naturalmente.

Um dia elas partem. É um momento de tristeza que se mistura com a sensação de privilégio de poder ter recebido essa herança através das histórias contadas e do carinho recebido. Elas partem, sem ir embora. Seguem conosco, nas nossas memórias, afeto e histórias.

Na foto- Carolina e sua avó, comemorando o aniversário de 80 anos, contando histórias para todos. Foi seu último aniversário, mas as lembranças e histórias continuam vivas.

18 comentários em “A IMPORTÂNCIA DAS AVÓS”

  1. Parabéns pelo texto! Fiz uma viagem no tempo e me lembrei de vários momentos importantes com minhas queridas avós. Foi um “potpourri” de melodias no meu coração. Compartilharei o texto com várias vovós… Beijos!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Renata,
      Fico feliz que tenha “embarcado nessa viagem”, aproveitando o texto. Obrigado por compartilhar com outras pessoas, principalmente as vovós. Beijo

    1. Dr. Roberto Cooper

      Toia,
      Tivemos o privilégio de termos uma avó muito especial (provavelmente muitas netas e netos, felizmente acham isso das suas avós). A nossa, cumpria bem esse papel de ser um elo de ligação entre o passado e o presente, além de nos transmitir tradições e valores familiares ( que é a história do gato, senão um mega tratado de comportamento?). Nem todos fazem sentido para nós, mas o carinho com que ela nos acolhia está vivo e, cada vez que lembramos dela, o fazemos com uma emoção muito gostosa. Obrigada por participar do blog. Beijo carinhoso.

  2. Feliz coincidência… De noite sonhei com minha avó, que eu adorava, e ao acordar tive a ótima surpresa de me deparar com este lindo e importante texto encaminhado por minha sobrinha Elisa. Foi muito gostoso lê-lo.
    Abraço,
    Claudia

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Claudia,
      Realmente uma feliz coincidência. Obrigado por compartilhar essa sua vivência no blog. Parabéns pela sua sobrinha neta, Olivia. Uma graça!

  3. Olá Dr. Cooper,

    A vovó da Manuela passou uma temporada por aqui e deixou bastante saudade.
    Das quinhentas “surpresinhas” pela manha ( todo o santo dia D. Manuela ganhava um presentinho), as gostosuras infindas que as duas preparavam e comiam, aos passeios juntas ao Parque, ficamos aqui recordando dos momentos vendo as fotos e videos que ambas fizeram.
    Minha pequena Forest Gump ( contadora de historias ) todo o dia antes de dormir se inspira para contar uma “historinha” das aventuras dela e da vovó…é uma delicia ouvir. 🙂
    E melhor de tudo é ouvir da vozinha que eu mais amo no mundo: “mamãe você se lembra que você era assim ou que você fez assim ? A vovó me contou que ….. “. Que fofura !

    Seu texto não poderia caber melhor nas nossas vidas…VERDADE VERDADE E VERDADE.

    Obrigado vovó da Manu por transmitir tantas coisas para ela !

    Adorei seu inspirado texto sobre as vovós.

    Beijos

    Bia

    1. Dr. Roberto Cooper

      Bia,
      Obrigado por sua participação no blog, sempre muito gentil. Fico feliz quando o que escrevo faz algum sentido para as pessoas que leem o blog. Manuela tem a felicidade de ter uma avó contadora de histórias. Isso, é para a vida!

  4. Que emocionante feliz quem têm o teve uma avó, eu não tive este carinho mais enfim agora sou vó aos 42 anos e para mim não tem coisa melhor no mundo que ser vó digo sempre para meu neto eu te amo tando que o meu coração chega até doe e minha filha diz que amor e este e eu digo AMOR DE VÓ.

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezado Lamarques,
      Obrigado por sua participação e pergunta provocante! De fato, os avôs também têm um papel relevante na vida dos netos. No entanto, talvez por um viés cultural, quem habitualmente transmite os valores familiares é a avó. Não que alguns avôs não o façam. Avôs, em geral, são mais brincalhões, divertindo e distraindo os netos, no presente. Avós “viajam” mais no tempo. Mas, posso estar enganado e meu post ser fruto apenas de uma visão distorcida ou preconceituosa. Sinta-se plenamente incluído no texto!

  5. Lorelai Schneider

    Li e chorei bastante de emoção. Eu não tive a sorte de conhecer nenhum de meus avôs ou avós. Uma chance que não tive nesta vida. E por isso mesmo sempre senti falta. Mas o Henrique tem três, só falta o avô materno. E ele já está aproveitando muito !!!!!

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Loreali,
      Obrigado por participar do blog. Não tenho a menor dúvida de que o Henrique irá viver belas e marcantes experiências com seus avós. Realmente, é um privilégio que ele tem. Só vai acrescentar ao carinho que recebe dos pais.

  6. Joanete Oliveira Nunes

    Amei o artigo e peço permissão para compartilhar com A Casinha da Vovó. Uma Brinquedoteca cheia de amor por seus netinhos de do coração
    .

    1. Dr. Roberto Cooper

      Prezada Joanete,
      Eu é que fico lisonjeado com esse compartilhamento. Claro que pode compartilhar. Obrigado pela gentileza.

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